Mercado em mutação

Flávio Resende*

 

Cheguei aliviado de São Paulo, no mês passado, ao retornar do 21º Congresso Mega Brasil de Comunicação, Inovação e Estratégias Corporativas, principal evento do setor de comunicação corporativa do país. Isso porque o tom das discussões durante o evento girou em torno das transformações que impactam e, ao mesmo tempo, impulsionam a Comunicação no Brasil.

No final das contas, sai de lá com a sensação de que é generalizado o sentimento de que estamos dentro de um furacão de mudanças, completamente sem fronteiras, que tem desconstruído toda a lógica que fez sentido até aqui de se comunicar.

Precisaremos incluir os robôs entre nossos stakeholders? Reputação irá figurar, em curto espaço de tempo, entre os maiores patrimônios de uma empresa? Inteligência artificial, realidade virtual e aumentada e interface de voz nos substituirão? Veremos mais comunicação sem comunicadores? Quem souber contar histórias sobre marcas, de forma mais transparente, emotiva e menos comercial, sairá na frente? Como lidaremos com as fakenews e quais suas consequências a longo prazo na credibilidade dos meios de comunicação?

A grande questão é que o fenômeno das mídias digitais, as redes sociais, os influenciadores e as novas formas de mídia jornalística que se propagam, dia após dia, tem nos conduzido para um caminho sem volta, que exige do mercado uma ampla diversificação de serviços.

Terão relevância, portanto, as agências que apresentarem resultados aos clientes em todas as frentes de trabalho, sendo capazes de interpretar o mar de informações disponível com a Internet e propor caminhos mais curtos, efetivos e baratos.

A mídia tradicional encolhe a passos largos. Alguns chegam a desaparecer. A audiência, por outro lado, se dispersa de modo avassalador, pulverizada entre os incontáveis canais digitais, blogs, Whatsapp e afins. É neste cenário que se descortinam grandes ameaças, muitas incertezas e também preciosas oportunidades para quem souber se posicionar e entender as demandas dos clientes.

É inegável, no entanto, que empresas, governos, ONGs, partidos políticos, artistas, associações e entidades de classe, todos, sem exceção, continuarão a depender da comunicação para manter e fortalecer relacionamentos com públicos de interesse. E cabe à nós, profissionais desta cadeia produtiva, nos reposicionarmos com soluções criativas e convergentes com o ritmo e o direcionamento do mundo moderno.

Por fim, estamos sendo convidados a repensar e agir imediatamente em relação ao modelo do profissional de Comunicação que esta nova dinâmica de funcionamento das coisas exige. Precisamos ir além das funções técnicas, propor soluções criativas, identificar oportunidades ocultas dos clientes, num esforço coletivo para que sejamos lembrados como estrategistas e não apenas como comunicadores.

Diante de tantas variáveis, para onde o mercado de comunicação tende a ir? A resposta não poderia ser mais simples e contundente: iremos para onde o levarmos. Ter esta consciência, hoje, fará toda diferença lá na frente.

 

* Jornalista, coach ontológico e diretor da Proativa Comunicação, finalista entre as cinco melhores agências de comunicação corporativa da região Centro-Oeste em 2018.

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